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Mil Razões...

O quotidiano e a nossa saúde emocional e mental.

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13
Ago10

No amor e na paixão (Expectativas – 8)

Publicado por Mil Razões...

 

Um grande amigo enviou para mim, recentemente, um texto de sua autoria em que explorava o facto de ele ser (nas suas próprias palavras), um idiota. Discorrendo nesse texto sobre a sua idiotia em diferentes contextos e fases da sua vida, curiosamente o autor não fez uma única referência ao amor, para não referir a paixão, pois esta é muito mais volátil. Grande falha esta, a do meu amigo que, curiosamente, é pai de vários infantes de relações diferentes. Não acho contudo que ele tenha sido um idiota, quer por ter tido expectativas de futuro em qualquer uma dessas relações, quer por ter esquecido de ligar a idiotia ao amor.

 

O facto é que a idiotia é uma filha natural do amor e da paixão como provam os inúmeros textos, músicas e filmes. É natural que assim seja. O amor (e então a paixão!) tolda o pensamento ao mais clarividente, transformando o racional em emocional, libertando-nos da realidade e prendendo-nos à realidade. Uma realidade que é real e não é. Não era realidade antes de haver amor e paixão e muito depressa se transforma na realidade que desejamos e queremos, quantas vezes fazendo ouvidos moucos a palavras sábias de quem nos quer o bem e consegue ver a idiotia da mesma.

 

Todos nós criamos expectativas das nossas relações amorosas. Uso o termo criar porque advém do nascimento e alimentação de uma ideia, um ideal. Esse ideal é o factor que vai regular a expectativa criada da relação e condicionar o seu desenvolvimento futuro. Claro que no início as expectativas são sempre as melhores, mas infelizmente também são sempre dinâmicas e o conhecimento desse facto amedronta. Ninguém ama para sofrer, mas sofre-se com o amor. Tendo todos nós consciência desse facto, vamos regulando as nossas expectativas em função do desenvolvimento da relação. Mas será que temos sempre presente uma expectativa? Será que quem tem 20, 25, 30 anos de relação ainda tem expectativas? Claro que sim. Da inicial "espero que isto funcione" até ao "espero morrer antes de ti para não sofrer com a tua falta", existe um leque incomensurável de expectativas.

 

Temos é de compreender que essas expectativas mutáveis respondem a uma realidade / realidade temporal. Têm um prazo de validade implícito que até as poderá tornar, mais cedo ou mais tarde, em idiotas e, consequentemente, transformar-nos em idiotas.

 

Rui Duarte

 

05
Mar09

Quando se gosta...

Publicado por Mil Razões...

 

 

Quando se gosta não há desculpa. Não há falta de tempo. Não há cansaço, não há horas. Não há nada que nos impeça de estar ali, ao lado de quem se quer. Para além do trabalho, onde durante essas horas se bombardeia o objecto do nosso amor com mensagens infindáveis e lamechas, tudo o resto é contornável.
A chuva e o sol aparecem quando devem, só para tornar cada momento mais especial. Toda a gente nos lê nos olhos e nos perdoa as ausências. Os amigos sorriem, estão felizes por nós. Nós estamos felizes. E o mundo sorri para nós.
Dorme-se menos. Come-se a correr. Trocam-se horários. Desdobramo-nos em festas e situações, só para podermos fugir e ir ter com. É isso que nos faz acordar com um sorriso estúpido depois de 2h de sono. Não há motivos, não há doenças. Não há cafés nem há compromissos. Não há impossíveis, nem falta de dinheiro. Não há nada que nos separe.
Só há vontade e borboletas. Conversa deitada fora, porque se quer conhecer mais e mais. Não há monólogos, só perguntas. Porque nos queremos actualizar de todos os anos que não estivemos ali. Comentários, cabeças na lua e sorrisos estúpidos. Frases sem sentido, olhares brilhantes. Problemas que deixam de existir. E um único objectivo, estar ali.
As horas são minutos, as frases são palavras e um beijo é tudo. As promessas são eternas, as mãos dadas são compromissos e os segredos são selados com um sorriso cúmplice.
Faz-se das tripas coração, sem sequer se ter consciência disso.
Queremos apresentá-lo ao mundo para que toda a gente veja e se deslumbre, como nós nos deslumbramos. Para que toda a gente entenda o porquê do sorriso sem motivo. E perguntamo-nos como é que algum dia ousamos estar tristes se neste momento temos a certeza de que somos as pessoas mais felizes do mundo.
As músicas têm novas letras, os braços abrem-se e só queremos dançar, enquanto gritamos bem alto que aquela pessoa é nossa. E que nós somos dela. E que assim é que sempre devia ter sido.
Mas tudo tem um propósito. É um sentimento egoísta, só queremos o nosso bem, e esse só é atingido se o outro estiver connosco. Porque é o que somos quando o outro está presente e o que sentimos por ele que importa.
É querer mudar o mundo, achar que tudo é possível, acreditar que sempre devia ter sido assim. Não entender como é que até agora podíamos ter sido felizes se nos faltava uma parte tão importante. E acreditamos que vai ser infinito. Não só enquanto dure, não. Neste momento acreditamos que o infinito é eterno.
As pernas tremem só de o ver chegar. Um sorriso salta só porque sentimos que está a olhar para nós. O coração quase que pára quando ouvimos o nosso nome dito por aquela boca, com aquela voz. Aquela boca que nos dá os melhores beijos. A voz que nos faz suar frio.
Trocamos a festa do ano por cinco minutos com direito a um beijo e um xi apertadinho. Fazemos quilómetros só por um olá. Não conseguimos engolir só porque ouvimos uma palavra bonita. Acordamos a meio da noite só porque queremos ter a certeza de que a outra pessoa está ali, que não é só um sonho bom. Sonhamos acordados, e vivemos em sonhos, porque o dia só tem 24h. Um toque no cabelo que nos faz arrepiar, um beijo que nos faz desejar o mundo. Agarrá-lo para sempre, esperar que o tempo pare e passar a eternidade assim.
E não há desculpa para não estar. Não há desculpa.
Porque quando se gosta…

 

Filipa Pouzada

 

Porto | Portugal

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