Dois verbos, uma união (Dar e receber – 12)
Foto: Children – Kiran Hania
Acredito piamente que o Dar e Receber pode ser visto sob duas perspetivas diferentes. Por um lado, se nos centrarmos nestas ações como se fossem verbos: Eu dou, tu dás, ele dá… ou, eu recebo, tu recebes, ele recebe… bem, teremos então uma visão muito separatista da ação. Eu dou, tu recebes. Se recebes, tens que me dar… Ou, por outras palavras, se te ajudo tu ajudas-me. Se te dou carinho espero receber carinho de volta. Sob este ponto de vista consigo imaginar um quadro cheio de pessoas amarradas numa troca contínua de exigências entre o ato de dar e a expetativa de receber algo em troca. Vejo amarras, expetativa, exigência, desilusão, aparência.
Mas também pode perceber-se o Dar e o Receber para lá dos verbos, como se fossem uma palavra só, em que Dar e Receber se tornam na única ação possível. Como? Dando sem esperar NADA em troca. Dar com o coração aberto, dar sem desejar, dar porque se Ama o outro ser. Dar porque se sabe que todo o Ser Humano tem sofrimento e que se podermos dar algo para que esse sentimento diminua, então estamos a Receber. A Receber contentamento por termos diminuído o fardo de alguém. Dar dinheiro sem esperar reconhecimento. Dar amor sem esperar fidelidade eterna, dar um sorriso sem esperar um sorriso de volta, dar passagem a um condutor sem esperar agradecimento. Dar, dar e dar. No fundo, dar é um ato egoísta, porque quem dá, sempre recebe. Não na mesma moeda, mas numa proporção muito maior. Recebe bênçãos, alegria e paz no coração.
Sara Almeida