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Mil Razões...

O quotidiano e a nossa saúde emocional e mental.

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17
Jan12

Aparente solução (Resoluções – 5)

Publicado por Mil Razões...

 

Entendo a resolução como o passo que se segue ao da decisão. A resolução é um projeto de ação: goza já de algum movimento. E sobre este assunto quero lançar uma pergunta: o que é uma resolução acertada?

Vejamos os seguintes exemplos: divórcio e demissão de um emprego.

Pegando no primeiro, um casal faz-se, constrói-se com o tempo e com o convívio, certo? Um casal é o produto de uma corrente coerente de resoluções, portanto. Leva tempo. É uma aprendizagem e um crescimento de mão dada. Um casal vai-se consolidando como entidade, chegando ao ponto de muitas vezes ter uma personalidade própria e uma série de caraterísticas distintivas dos demais casais. A páginas tantas um dos cônjuges porta-se mal e o outro parte para o divórcio, "esquecendo" tudo o que havia sido construído até então. Passado algum tempo, depois da separação consumada, é provável que quem pediu o divórcio venha a dar mais importância a toda a construção anterior ao litígio, relegando para segundo plano as razões do conflito. E aí alguém fica à deriva por algum tempo, entre um misto de arrependimento e placidez.

Imaginemos agora um funcionário descontente com o seu trabalho, que pede demissão e fica desempregado. O processo de demissão é, tal como o do divórcio, o resultado de um conjunto de construções, decisões e resoluções. Com o decorrer do tempo e o inevitável aperto da carteira, será de esperar uma certa relativização dos motivos que o levaram a rescindir o contrato.

Estes dois exemplos, que têm por caraterística comum não terem um desfecho irreversível (ninguém morre na sequência da resolução, como seria no caso do suicídio ou do aborto), servem para centrar o leitor no momento e contexto de tomada de uma resolução. Pergunto: será que as variáveis que concorrem para uma resolução são as mais adequadas? Ou seja, se uma resolução é o produto de um momento, de um contexto, de uma história e das expetativas, não será razoável deduzir que a maioria das resoluções tomadas têm sempre uma validade temporal? Serão justas e adequadas num momento e contexto, porém injustas, desajustadas e por vezes catastróficas noutros.

Uns dizem que uma resolução acertada é aquela na qual se acredita, isto é, aquela que, reunidas as informações possíveis, melhor soluciona determinado problema ou aperfeiçoa determinada situação. Mas então posso questionar o que se entende por "acreditar", dado que a crença também é função de um momento, contexto, história e, principalmente, de um conjunto de expetativas.

Cabe a cada um julgar da justiça de uma resolução tomada. Tal como cabe ao tempo comprovar se essa resolução foi bem tomada. Ora, dado que o tempo filtra e separa o essencial do acessório, é muito natural que estejam a ser tomadas toneladas de resoluções erradas por esse mundo fora. O que me leva a crer que, por sermos criaturas regularmente acometidas por golpes emocionais, raras são as resoluções (principalmente as pessoais) isentas de paixão, calor e demais influências irracionais.

Por outro lado, uma resolução não tem que ser necessariamente bem tomada. Só tem que nos fazer andar e dar-nos a ilusão de que estamos a consertar qualquer coisa. Conviver com as consequências de determinada resolução tomada é um processo de aprendizagem e de adaptação. Ou então um processo de correção dessa decisão, porque não?

 

Joel Cunha

 

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