Alguma “coisa” (Fé – 1)
Foto: Pray - Congerdesign
A fé, como orientação teológica cristã, é uma forma de a analisarmos. Outra forma diferente é considerar a fé como uma força ou um recurso de resistência. Não sei o que me empurra em determinadas situações difíceis da vida: situações em que me foge o chão; situações em que me sinto impotente; situações que me afligem e me apertam e; situações em que não vejo uma luz que me conduza.
A morte a doença de familiares e de amigos são as situações mais dolorosas para mim e, para todas as pessoas, julgo eu. Quem não passou já por isto? Perante a morte e a doença tem de existir algo, que não é só o tempo, que me ajuda(ou) a seguir em frente. Digo, tempo, porque se diz, muitas vezes, que o tempo cura tudo, mas no decorrer desse tempo há, com certeza, algo que me ajuda a continuar. Porque é que uns conseguem continuar em menos tempo e outros vivem em profundo sofrimento durante mais tempo? Será que uns se fazem apoderar da fé cristã e outros possuem intrinsecamente uma força, como recurso de resistência?
Diz-se, com muita frequência, que vale a pena acreditar em alguma “coisa” para além do nosso corpo e da nossa mente, para conseguirmos ultrapassar estes momentos. Não tenho evidência que sustente esta afirmação. Os meus pais deram-me uma educação católica e já vivi, de muito perto, a morte e a doença de familiares e amigos, mas não tenho a certeza se foi essa orientação que me ajuda(ou) nesses momentos.
Confesso que julgo ser uma pessoa com força e resistência quando analiso a história de vida que me fez, mas também não sei se foram esses recursos que me ajudam. Confesso que fico com receio de não ser fiel à minha religião, porque não sei ainda, com esta idade, se atingi a consciencialização desta fé. Sei que vou conseguindo ultrapassar estes momentos difíceis. Se é com a força que julgo ter, ou se é pela fé, como orientação cristã, não sei! Nestes momentos que refiro, às vezes entro na igreja, onde fico por alguns momentos, e sinto alguma paz. Dei agora por mim a falar de força e fé cristã só nos momentos difíceis, mas será que todos os dias esta força e a fé cristã norteiam a minha vida? Tenho muitas incertezas relativamente a este assunto, mas parece-me importante que cada um, para bem da saúde mental e emocional, se encontre com alguma “coisa” e lhe dê as mãos. Não vivam momentos difíceis sozinhos! E durante a vida, mesmo que não sejam momentos difíceis, deem também as mãos a alguém ou alguma “coisa”. Pode ser que ajude. Comigo tem resultado, embora, às vezes, com muita dificuldade, mas, como digo, não tenho a certeza a quem dou as mãos. Provavelmente dou as mãos a muitas “coisas” na vida (recursos internos, religião - mesmo com consciencialização frágil - e a pessoas que me amam e quem amo). Desculpem… não sei se fui clara. Respeito muito este assunto, mas confunde-me.
Ermelinda Macedo