Invisível (Humildade – 3)
Foto: Invisible - Nangreenly
Depois de meses a tentar, finalmente consigo pôr em prática aquilo que penso ser a melhor forma de nos levar ao sucesso. Tenho vontade de gritar ao mundo o que consegui atingir, aquilo que sou capaz de fazer, aquilo que o meu cérebro consegue desvendar e criar. Mas há uma força que me impede de o fazer.
Ao olhar à minha volta vejo pessoas sem fim a gabarem-se do que fazem. No Facebook aparecem imensos posts sobre o que cada um comeu, onde foram passar férias, em que trabalho foram admitidos, o filho que entrou na faculdade... Ao olhar para essas mensagens penso que partilhar toda essa informação com o mundo faz com que tenha menos valor.
O facto de termos a necessidade de dizer em voz alta os nossos feitos torna-os menos gloriosos. Porquê?
Deixam de ser nossos, passam a ser propaganda.
Se há tanta necessidade de afirmação, quase imposta pela publicidade de nós mesmos, é porque na realidade sentimos que somos menos vistos do que queríamos.
Mas, e se as redes sociais não tivessem sido criadas? Seriamos invisíveis? Deixaríamos de fazer essas partilhas?
Não. Em todos os tempos sempre houve gabarolas, com falta de humildade, preocupados em viver a vida na ribalta, com necessidade de atenção. Não ter medo de ser invisível, viver da melhor forma, com humildade, deixar fluir a vida sem necessidade de a tornar pública, parece-me uma boa forma de viver.
As energias que temos não são gastas em mostrar-nos aos outros, mas sim em sermos nós mesmos.
Sónia Abrantes