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Mil Razões...

O quotidiano e a nossa saúde emocional e mental.

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29
Mar19

Apenas complicado (Simplicidade – 12)

Publicado por Mil Razões...

Man - Photosforyou.jpg

Foto: Man - Photosforyou

 

Começo a escrita sob a nuvem de uma semana profissional complicada. Com certeza um arranque auspicioso quando o tema proposto é a simplicidade. Confesso que o deadline para a entrega do texto já foi largamente ultrapassado, mas com toda a honestidade, apenas ontem me apercebi de tal facto. Simplesmente resta-me pedir desculpa.

Desde ontem à noite, assaltado pela culpabilidade de quem não cumpriu, revi os ângulos possíveis de abordagem ao tema, tendo-me rapidamente apercebido que as hipóteses seriam:

a) de caráter pessoal, que incidisse na vivência da última semana;

b) de caráter geral, até mesmo ficcionado, que incidisse em quê ???

Pois… nada simples…

 

A hipótese a) rapidamente ficou fora do horizonte descritivo atendendo que a primeira frase que se colou imediatamente à ideia foi: “se não tens nada de bom para dizer, mais vale estares calado”. Podia, claro, simplesmente borrifar-me para as consequências das palavras escritas e utilizar este texto como um veículo de catarse, mas todos sabemos que na suposta era da Liberdade Individual nunca antes estivemos tão escrutinados. É complicado… Aproveito aqui a oportunidade para agradecer à minha esposa a solidariedade e compreensão demonstradas na escuta ativa do que levei para casa. E, já agora, perdoa-me os palavrões utilizados que ilustraram e deram cor à minha revolta e frustração. Podem ser artifícios linguísticos básicos, mas na verdade simplificam com crueza a categorização de certas coisas. E assim, dessa forma, todos nos entendemos.

 

Restava-me a hipótese b) e aqui apresentou-se a segunda dificuldade. “Keep it simple” e partir daí. Mas, sinceramente, quantos textos de treta existem vangloriando uma existência mais “despegada”, “em contacto com o interior”, com menos “pegada ecológica” e blá-blá-blá?

Invariavelmente, o quadro profissional invadiu o pensamento, alicerçando-se numa dicotomia eu vs. outro. Nas simplicidades e dificuldades da minha vida, comparativamente às simplicidades e dificuldades da vida de terceiros. Mas, muito honestamente, não irei por essa via, principalmente por duas ordens de razão: já demasiadas vezes escrevi acerca da deficiência / incapacidade e ninguém aprecia um tipo chato e repetitivo. E, mais importante ainda, devido à convivência recente com pessoas que têm tido o condão de me fazer pensar acerca da diversidade funcional, não sinto segurança (ou justiça) na minha opinião acerca de tal juízo comparativo.  Ficou registada a frase “nada sobre nós, sem nós”. Fica a promessa: se algum dia escrever sobre tal tema, será com coautor.

 

E assim, analisadas as hipóteses que tinha, cheguei a conclusão que serve o imediato. Face ao tema que propuseram, simplesmente decidi não escrever.

 

Rui Duarte

 

25
Mar19

Da simples idade das coisas (Simplicidade – 11)

Publicado por Mil Razões...

Daisies - Manfred Richter (1).jpg

Foto: Daisies - Manfred Richter

 

Vem aí a primavera. É fácil perceber isso, mesmo sem ter descoberto a serventia dos calendários, mesmo não sabendo a dinâmica das rotações, mesmo não conhecendo o poder das sementes, ou a necessidade da chuva, ou a importância do sol. Tudo o que nos é revelado de forma simples é fácil de entender: e o que há de mais simples do que o nascimento de uma margaridinha miúda, no relvado semisselvagem em frente da minha casa? Depois outra, e outra, e um ou outro dente-de-leão.  Ao mesmo tempo, as árvores, que passaram a época mais fria despidas e tristes, começam a espreguiçar-se ao sol mais demorado dos novos dias, e dos seus ramos brotam flores magníficas. Nascem de noite, talvez, silenciosamente, para não acordar quem dorme – e é tão natural a sua chegada que os nossos olhos nem estranham as cores novas, antes se agradam e dulcificam, aceitando a simples idade das coisas.

 

É como nós. É como a vida. A gente nasce e pronto, nascemos, é tão simples. Está tudo previsto, o colo da mãe, a alegria do pai, o berço, o amor, o mundo.  E mesmo quando falta, ou a mãe, ou o pai, ou a alegria, ou o amor, ou o berço – ou isso tudo junto – é certo que um colo haverá sempre, seja de quem for. Ainda certo, por enquanto, é também o mundo (até porque sem o mundo, não seria nada simples alguém nascer...).  E a ele chegamos nus, puros, inocentes, ignorantes – e nunca, em outra qualquer idade da vida, seremos tão cobertos de simplicidade, tão naturalmente confiantes e espontâneos. O instinto, de imediato, é o que nos serve – e, dali em diante, a Natureza harmonizará as forças para que as primaveras façam connosco o que fazem com as flores: mel, feitiço, esperança; e os estios, o que fazem com os frutos: maturidade, alimento, colheita; e os outonos, o que fazem com as folhas: júbilo, ouro, sangue; e os invernos, o que fazem com as sementes: milagre, criação, sobrevivência.

 

Mas, entretanto, há todo um processo de complicação, nesse simples decorrer das estações. Crescemos e vamos aprendendo coisas: que às vezes chove, que às vezes está frio, que às vezes dói, que às vezes magoamos.  Descobrimos, num processo tão natural quanto simples foi o nosso nascimento, que a vida é confusa, que, não sendo nós seres solitários, nos é impossível manter, tantas vezes, a simplicidade.  Ou a liberdade – de o ser e de Ser, simplesmente. O estudo desperta, a experiência ensina: há fios por todo o lado, tropeçamos, caímos, aprendemos, reaprendemos; há, à nossa volta, cotovelos em riste, criamos estratégias de sobrevivência e defesa, mentimos, caímos, fingimos estar bem, rebuscamos em nós o princípio da verticalidade, cedemos outra vez ao vento, inclinando a cabeça a interesses mais altos, a solicitações mais aguerridas, a sofisticações mais apuradas. E lá se vai a simplicidade por completo.

Mesmo com essa consciência, repetimos a frase chave para entrar nos círculos dos jubilados da vida: “A simplicidade é uma arte, atinge-se por refinada estratégia e apurada e experiente habilidade”. Ora! Eu fico na simples idade das coisas – talvez porque ainda reste em mim um bocado de inocência e uma espécie de talento natural para esbardalhar a Vida com que nasci.

 

Teresa Teixeira

 

22
Mar19

Faça como se fosse para si (Simplicidade – 10)

Publicado por Mil Razões...

Bread - Pexels.jpg

Foto: Bread - Pexels

 

– Por favor, meia-de-leite e um croissant. – pedi, certa de que não haveria complexidade na satisfação do meu pedido.

– Vai tomar ao balcão ou quer sentar-se numa mesinha?

Não estranhei a pergunta, pareceu-me até razoável, a intenção não seria outra que não fosse a de me sentir bem servida. Mas, vi-me assim, a ter de escolher um cenário, comprometendo a simplicidade do ato de morder um croissant e tomar uma meia-de-leite.

– Descomplica e escolhe lá uma mesa. – pensei.

Olhei à volta na esperança de lobrigar o lugar ideal para tão simples ocasião. A mesa junto à janela proporcionar-me-ia um ambiente agradável; separada por um vidro, testemunharia com recato a azáfama e o borburinho da rua. Por norma sou ativa e participativa, mas há momentos – aquele era um deles –, em que me deixo arrastar para uma letargia, de tudo deixar correr e sentir simplesmente a vida a passar.

– Posso sentar-me naquela mesa?

– Sim Senhora, nesse caso pode fazer o pedido à menina que serve às mesas. Ela passa por lá.

Solícita, a empregada anotou num bloquinho o meu pedido. Com a cabeça, fez um sinal de assentimento e pareceu dar a tarefa por concluída. Não, ainda não, faltava um pequeno pormenor.

– O croissant é simples?

Sempre gostei de croissants e, para mim, eles valem por si só, nunca senti necessidade de os misturar.

– Sim, simples.

– Gosta deles mais para o tostado ou para o clarinho?

Entendi por clarinho, malcozido; como não aprecio massas cruas, optei pelo tostado.

– Muito bem. A meia-de-leite é quente ou morna?

– Com o frio que está, quentinha confortar-me-á bastante mais.

Parece ser desta. A empregada acabou as anotações, meteu o lápis e o bloquinho no bolso da bata e ensaiou dirigir-se ao balcão, mas de repente:

– A meia-de-leite é clara ou escura?

Que raio, eu só queria lanchar. Pensei que fosse coisa simples de fazer, mas vejo-me submetida a um prolongado interrogatório. Nesta altura, as papilas gustativas já não preveem um croissant adocicado – este transformou-se num pedaço de farinha cozida, amarelada e deslavada de sabor. A meia-de-leite amargou. Sou tomada de uma indecisão, ficar ou admitir que me enganei e ir embora. Mas, de novo pensei para mim:

– Descomplica e decide-te, clara ou escura?

Com sinais evidentes de impaciência e desagrado, referi a minha opção.

– Peço desculpa, disse a empregada, só mais uma coisinha, quer açúcar ou adoçante?

Já me decidi, pego no saco e vou-me mesmo embora sem saborear os tão afamados croissants. Mas a contenção e o controle comportamental deram-me fome, a satisfação da necessidade básica de me alimentar obrigou-me a repensar a minha decisão. Vencida, respondo:

– Olhe, faça como se fosse para si.

– Ok! Nesse caso vou trazer-lhe açúcar amarelo e a meia-de-leite bem batidinha, com a espuma a vir ao de cima.

Afinal ainda se podia complicar mais um bocadinho.

 

Cidália Carvalho

 

18
Mar19

Um pé atrás do outro (Simplicidade – 9)

Publicado por Mil Razões...

Barefoot - Free-Photos.jpg

Foto: Barefoot - Free-Photos

 

A água parece tão calma. Sentada na relva, em frente ao rio, fecho os olhos e deixo-me embalar pela harmonia que me rodeia. Dentro de mim, o burburinho serena, lentamente. Oiço os pássaros, as águas, o som do vento, das folhas que se agitam no meu regaço. Fundo-me no tempo como se pudesse, eu própria, ser onda, gaivota ou raiz. O sol devolve-me a preguiça e estendo-me ao comprido. Sinto o cheiro da relva, ainda molhada, e algo se me agita no sangue: esta felicidade toda dá-me vontade de chorar. O meu corpo estremece, silencioso, sucumbe num pranto sem fim, mas não consigo parar de sorrir. Abraço a Mãe Terra e encosto o ouvido no solo, oiço o bater de um coração; pensei ser o meu, jurei ser o dela, despedi-me sem saber em que momento nos alternamos nesta história. Quer dizer, eu e ela, sentir e ser, simplesmente. Não importa. Aqui, nada importa. Apenas respirar, ser, sem pressa, com lágrimas, sorrisos e estes raios luminosos sobre nós. Dentro de nós.

 

Quando o sol, majestoso e sereno, boceja no horizonte, levanto-me sem vontade de regressar. Obrigo um pé a caminhar atrás do outro, digo ao coração que não tenha medo. Há um equilíbrio, muito nosso, que mantém as coisas no seu lugar. Há sítios para descansar, há sítios onde morar. Há pessoas com quem se está, há pessoas com quem se é. Sei as que não me dizem nada, as que me fazem sentido e as que, sem aparente sentido, sempre me encontrarão. Haja o que houver, caminho sabendo que voltarei aqui, que levo o som do rio, dos seus habitantes, da sua dança, das árvores, debaixo da minha pele. Que somos Um sendo únicos. Sei que estou em casa em momentos e lugares onde o barulho do sangue se confunde com o som da terra, com a musicalidade das águas, com a gargalhada cristalina de uma criança. Quanto mais me afasto, mais pertenço. E encontro, sempre, o caminho de volta.

 

No regresso ao ritmo urbano, diluo-me na multidão. Caminho, anónima, ainda com o cheiro da relva molhada em mim, alheia às conversas e aos pensamentos do mundo. A lua, por cima da minha cabeça, lembra-me que me espera, para a nossa conversa noturna. Nas noites em que ela ilumina a minha casa, a minha pele não é minha, é dela; ou me sento e resolvo a coisa a bem, ou ela vai comigo para a cama e arruma comigo. E ela sabe-o, ó se sabe. Hoje, conversamos, despimos o que calamos e deitamos, sem dolo. Dançamos, se tiver de ser, abraçamos o que restar e respiramos. A pele inteira. Mas, antes disso, é preciso chegar a casa, abraçar os filhos, os patudos, orientar a vida, falar em Morse, fazer mil e umas coisas antes do tempo (parecer) abrandar e a lua se instalar, imponente e zangada – sabe que me havia esquecido dela – na minha varanda. Pois aqui me tens, inteira, de braços abertos, sem qualquer resistência.

 

Uma avalanche de coisas boas percorre o meu corpo, sacudindo os meus medos. Lembra-me que viver é maravilhoso, também nos dias em que dói existir e nada parece lógico, nos momentos em que cada passo parece um salto no escuro… As coisas simples e pequeninas são as que sustentam esses dias de indecisão e de medo, são as que permitem manter a cabeça à tona e os olhos no horizonte, enquanto as águas se agitam com violência. As coisas pequeninas são extraordinariamente importantes e, sem elas, não há pertença, não há chão, não há tempestade que se derrote. Sem elas, nem a lua escuta nem o sol sorri. Sem elas, eu estaria perdida num mundo onde sentir e pensar, intensamente, é quase uma perversão.

Hoje, aqui e agora, abraçada pela lua, respiro, grata, na simplicidade que torna o (meu) mundo mais belo e com sentido. E, amanhã, se acordar, saúdo o sol e a vida, como se os sentisse pela primeira vez, e continuo. Um pé atrás do outro.

 

Alexandra Vaz

 

15
Mar19

Simplifica! (Simplicidade – 8)

Publicado por Mil Razões...

Classical-music - Pexels.jpg

Foto: Classical-music - Pexels

 

Não...

(pois, sei, estamos a começar mal; num texto, uma apresentação, uma ideia a começar pela negativa, é fraco sinal, pouco cativante, se cativar...)

 

O que eu quero dizer é que o simples, a simplicidade, não é um começo, deverá ser um fim, um objetivo a atingir. Dizer, pensar, fazer as coisas simples, de uma forma o mais simples possível. Sem facilitismos, sem complicações que, se calhar, serão tão só um meio de impressionar, mesmo distanciar.

Fixemos então, já aqui e agora uma conclusão parcelar. Ser, fazer, dizer simples não é o mesmo que ser fácil. Redutor, simplista, imediatista. Atingir a simplicidade é um processo, bem trabalhoso porventura. É preciso desbastar muito, depurar, retirar gorduras supérfluas, pouco saudáveis.

Para se ser simples no resultado é precisa muita complexidade, muito conhecimento, muita técnica e muita arte.

 

Fácil de perceber e de ouvir: para onde nos leva a simplicidade aparente dos primeiros acordes da Quinta Sinfonia de Beethoven - tan, tan,tan, taaam? Que emoções profundas, arrebatadoras, nos envolvem ao ouvir as primeiras notas da Lacrimosa, do Requiem de Mozart?

“Amor é um fogo que arde sem se ver”, de Luís de Camões, para onde nos leva este primeiro verso do soneto, para que memórias, pessoas, circunstâncias?

Aliás a poesia será o cúmulo da forma da escrita, o processo em que com menos se consegue mais. Emoção, sentimento, ideias.

Não somos todos geniais, evidentemente, não podemos, a generalidade das pessoas, ambicionar produzir obras primas.

Podemos e devemos, todos, ambicionar atingir a simplicidade, questionarmo-nos sobre isso. Sem facilitismos, sem complicações desnecessárias, com dádiva e entrega.

Como um serviço. Humilde.

 

Jorge Saraiva

 

11
Mar19

As coisas mais simples (Simplicidade – 7)

Publicado por Mil Razões...

Girl - Hulki Okan Tabak.jpg

Foto: Girl - Hulki Okan Tabak

 

A simplicidade rima com complexidade e caio na tentação de pensar na antologia entre ambos os conceitos. Não quero, porque simplicidade também combina com felicidade e, isso sim, vale a pena explorar.

Começo por um cliché: “A felicidade está nas coisas mais simples”.

 

Um sorriso. Tem o poder de contagiar o outro e é quase impossível não sorrir de volta a alguém que o mostra sinceramente. É uma arma que deita o outro por terra por mais defesas que ele demonstre. Contagia e desarma, é assim que o defino em parte.

O cenário que vivemos pode ser feio e negro e gigante e confuso, mas ao recebermos um sorriso toda a perspetiva se altera, nem que seja por um curto momento. Sorrir de volta é igualmente compensador porque nos dá uma sensação de alívio, há algo que se dissolve naquele momento.

 

Um bom dia. Há dias em que carregamos o mundo nas costas. O caminho avista-se longo, sinuoso, doloroso até. É difícil comandar o corpo porque o peso nos impede os movimentos. Mas há aquela pessoa que nos dá um bom dia com esperança no olhar e alegria na voz e o peso torna-se mais leve. São apenas duas palavrinhas e têm esse poder.

 

Um abraço. Às vezes existe um vazio. Suspiramos e aquele aperto no peito não nos deixa, olhamos em volta e sentimo-nos perdidos. Às vezes precisamos apenas de um carinho e o abraço, no meu ponto de vista, é o melhor que existe. O toque é uma terapia sobejamente comprovada cientificamente, o calor e o aconchego têm a capacidade de nos dar conforto, a pressão dos braços em nosso redor é relaxante, como é relaxante a pressão de uns dedos durante uma massagem. E é apenas um abraço.

 

O sol. Desde os primeiros raios do dia até ao seu desaparecimento artístico em pôr-se. O sol gosta de protagonismo. Com a luz do sol tudo se transforma. As paisagens ganham beleza, as cores evidenciam-se, há maior nitidez no que observamos porque a claridade assim o permite.

Todos apreciamos um bonito dia de sol. Todos temos mais energia quando o vemos e é quase inevitável sair à rua para senti-lo.  Todos ansiamos por ele pelos mais diversos motivos e deixo à imaginação de cada um.

O calor do sol na pele que a tonifica, o calor que nos traz satisfação, o calor que nos faz despir camadas de roupa mostrando a beleza dos corpos, o calor que tem um efeito terapêutico no nosso estado de humor.

 

Pequenas coisas que nos trazem alegria. Pequenos momentos de satisfação, e a vida é feita desses mesmos.

Dançar descontraidamente. Ouvir música, aquela música que mexe cá dentro. Um mergulho no mar. Uma refeição caseira na companhia certa. Beber um copo de água quando a sede aperta. Sentir uma brisa na cara. Andar descalço na areia. Um jantar entre amigos. Ouvir aquela palavra que nos acelera o coração. Dormir uma noite de sono tranquila. Ver um filme que nos traz emoções. Assistir a algo que nos faça arrepiar. Caminhar com um objetivo ou mesmo sem destino. Saltar, só porque sim. Fazer algo de diferente do habitual. Arriscar e sentir o friozinho na barriga. Dialogar sobre a vida. Comprar aquela peça que namorámos durante meses. Chegar a casa ao final de um dia de trabalho. Relaxar no sofá. O silêncio. Namorar. Um banho quente. A sensação de liberdade ao viajar. Ouvir uma “boa noite, dorme bem” daquela pessoa. Oferecer um presente. Receber algo que gostamos. Realizar um desejo. Ouvir um obrigado.

Podia continuar…

Cada um tem as suas coisas mais simples, as coisas que marcam a diferença e que tornam os momentos especiais e inesquecíveis. Não precisamos de muito, precisamos de saber apreciar a beleza na simplicidade das coisas do dia-a-dia.

 

Marisa Fernandes

 

08
Mar19

Um ponto brilhante (Simplicidade – 6)

Publicado por Mil Razões...

Woman - Alexandr Ivanov.jpg

Foto: Woman - Alexandr Ivanov

 

“Queria, queria

Ser igual ao peixe

Que livre nas águas

Se mexe”

Pedro Homem de Mello

 

Um dia, chegando a casa, senti que estava pela primeira vez a entrar num mundo novo. Mesmo que já lá morasse há um ano, aquele espaço não seria pisado por ele e tudo bem, não vinha nenhum mal ao mundo. Como se me encontrasse no agora, com esta nova pessoa que eu sou. Uma paz que assoma por dentro banhando as paredes e enchendo, enchendo e enchendo devagar até transbordar.

Como respirar quando tudo arde e pesa o ar cá fora?

Séneca, na sua ideia de viver de modo desapegado do prazer e sem medo da dor, não seria a chave do mistério. Há um conforto que nos transmite segurança, confiança, pontos de referências no que é familiar e rotineiro como o primeiro café da manhã.

Andamos na vida por vezes mais perdidos do que sei lá o quê, e nisto um dos corrimãos desaparece e caímos. Com poff!! e tudo.

Infinitamente rápido é o movimento do tempo, como se vê mais claramente quando se olha para trás. Pois quando estamos atentos ao presente, não o percebemos, tão suave é a passagem do tempo ao ir pelo dia afora.

A linguagem da verdade é simples. Quando nesse encontro mais silencioso nos deparamos a um espelho que não se parte ou distorce, aí aquietemos para ouvir esse ribeiro que murmura há já muito tempo: gosta muito de ti.

 

Maria João Enes

 

04
Mar19

Vem... vem comigo! (Simplicidade – 5)

Publicado por Mil Razões...

Couple - Mystic Art Design.png

Foto: Couple - Mystic Art Design

 

A noite cai assombrosamente gelada. Olho pela janela, mas não vejo ninguém. Parece que se silenciaram as horas neste anoitecer. Mas que me interessa isso se hoje tenho o teu beijo.

Hoje vou entregar-me a ti. No teu amor quero perder-me! Os teus olhos que tudo revelam, dizem-me para esperar pois um dia deixarei de sofrer.

Toco-te… Fecho os olhos e vejo as estrelas. Beijo-te… E por um momento voas comigo

até ao infinito, onde encontraremos o nosso amor.

Quero-te! Enfrentarei o mundo pelo teu amor. Sei que nada tenho para te oferecer além de todo este amor, toda esta simplicidade que nos une, que nos toca. Sou apenas um grão de areia no vasto deserto. Mas olha, fecha a janela, está a arrefecer, e vem! Vem consertar comigo os planos de um futuro ainda incerto.

 

Inês Ramos

 

01
Mar19

O essencial da vida (Simplicidade – 4)

Publicado por Mil Razões...

Woman - Foundry.jpg

Foto: Woman - Foundry

 

É nas coisas simples e na simplicidade dos nossos atos que podemos encontrar o essencial da vida. Todavia, na era em que vivemos, tão materialista e consumista, torna-se cada vez mais difícil encontrar simplicidade nas pessoas e nas coisas que nos rodeiam.

Nos tempos que correm, somos dominados, infelizmente, por uma cultura em que predomina o superficial e o virtual, subjugados muitas vezes por uma autêntica “loucura” de ficção, cujo mundo em que vivemos mais parece irreal face ao total desapego e indiferença do que é natural e genuíno.

Valha-nos, ao menos, a “Mãe Natureza” que, sempre fiel aos seus princípios e pródiga nas suas dádivas, nos vai confortando com as suas lições de simplicidade, suprema virtude de sentimentos. E são essas lições que, como autênticas lições de vida que são, nos ensinam que o poder das coisas simples é o que nos faz sobreviver e nos torna mais felizes.

Com tantas coisas simples e saudáveis ao nosso alcance, para o exercício do corpo e o cultivo da mente, é preciso saber aproveitar essa fonte de recursos naturais e fazer boas escolhas, no dia-a-dia de cada um de nós, que passam necessariamente pela convivência sã e fraterna entre as pessoas, pelo desfrutar da vida ao ar livre, pela rejeição de artificialismos, falando e agindo com simplicidade nos relacionamentos interpessoais.

Em tudo isto é que reside o essencial para uma vida salutar.

 

José Azevedo

 

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