Razão e sensação (Mistérios – 2)
Foto: Ballerina - Pexels
Caminhava despreocupadamente pela rua, distraída com os afazeres da rotina. Sem que nos apercebamos, é assim que a vida passa por nós, enquanto a mente está mergulhada noutros mundos. Foi então que um vislumbre a retirou das indagações trazendo-a para o presente. A visão de alguém longamente ausente, ali, num acaso curioso proporcionado pelos fios do destino. Depois de usufruído o momento, deu por si a pensar em como há acontecimentos e coisas que não são possíveis nem passíveis de serem explicadas. Não havia qualquer razão nem fundamento para aquelas duas almas se encontrarem no mesmo espaço à mesma hora. Mas a verdade é que foi isso o que sucedeu.
E quantos mistérios mais existem sem que os entendamos ou compreendamos por completo!... Talvez nunca venhamos a descobrir a origem verídica do universo, de que é que é feito o divino, o porquê do ser humano habitar a Terra ou da vida existir assim, tal e qual como a conhecemos. Talvez nunca saibamos o que existe além da vida corpórea, o porquê de certos sonhos se constatarem na realidade, os contornos da verdade em diversos contextos e o que sustenta as capacidades infinitas de que somos portadores. Não há ciência nem razão que consigam detalhar e aprofundar tudo o que ocorre, havendo sempre alguma coisa que carece de explicação. Porque nem tudo foi feito para ser entendido, mas sim para ser sentido, de modo a que a sua essência e a sua substância se revelem em todo o seu esplendor.
E é assim, graças a esses mistérios, que é conferida alguma magia à nossa existência.
Sara Silva