É por aí o caminho? (Dar e receber – 8)
Foto: Freedom – Livraria Adventista
Faz-me qualquer coisa. Sentir. Preciso de sentir alguma coisa. Sentir-me. Sentir-te. Procurar-me, encontrar-me? Procurar-te, encontrar-te? Sentir quem tu és. Sentir quem eu sou. Consegues perceber o que quero sentir? Talvez ninguém perceba o desatino que vai dentro de mim. Melhor assim.
Deambulo entre o aqui e o ali, entre o agora e o que já foi. Não o meu corpo físico, é mais a minha desassossegada mente que anda por cá e por lá. Que tropeça entre contraditórios momentos, sentimentos e pessoas.
Quero evitá-los. A tudo, a todos. A ti? Quero evitar-te a ti. Desapegar-me, largar as amarras que me prendem nem sei bem a quem.
- Alguma vez te conheci?
Gostava de aprender a não ter expetativas em relação a nada nem a ninguém. Gostava de aprender a não cobrar nada ao outro. A leveza em estado puro.
- Onde andas tu para me ensinar?
Gostava de aprender a desistir de pedir o que quer que seja. Por talvez não saber bem o que isso é ou o que pode ser. É, com certeza, uma outra coisa qualquer, diferente daquela que foi ontem. Uma sucessão de coisas: queremos isto, o isto transforma-se naquilo, que passa imediatamente a aqueloutro.
Se, pelo contrário, aprendesse a não pedir nada, aprenderia a receber aquilo que alguém achasse que devo receber. Uma nova perspetiva do outro? Uma nova perspetiva de mim?
Descobrir-me. Encontrar-me. Descobrir-te. Encontrar-te. É por aí o caminho?
Sandra Sousa