Mito ou realidade? (Profissão – 12)
- Tens de ir para a escola, ser bom aluno, para teres notas que te habilitem a entrar numa boa universidade, num curso que depois te dê um bom salário e possas, assim, construir uma carreira.
- Excelente! Obrigadinha, ah!!”
Era mesmo isto que eu, enquanto jovem sonhadora, com a mente ainda pouco formatada, cheia de energia e vontade de fazer coisas, precisava ouvir.
Eu sei que temos dificuldade em lidar com a volatilidade, em aceitar o incerto, mas francamente… Não que eu tenha alguma coisa contra ir para a escola, tirar um curso universitário, ou ter sucesso num determinado percurso de carreira. Tudo isso é muito positivo e salutar, tanto para a pessoa humana, como para a sociedade. Mas convenhamos… temos de usar o nosso senso crítico para pensar nas coisas. Sobretudo se é do nosso futuro que estamos a falar. E mais: sem pensar criticamente, sem construir raciocínios sustentados, não conseguimos ampliar a nossa visão do que será o futuro, concretamente o futuro laboral.
Vamos aos factos. O que é que nós já sabemos empiricamente:
- que precisamos de ter um trabalho que nos pague as contas;
- que devemos procurar (leia-se capacitar-nos para) a autossuficiência financeira para não dependermos de pais, de subsídios, ou do Estado;
- que, contrariamente ao que acontecia há algumas décadas, temos previdência social, defendendo direitos em casos de deficiência, entre outros casos;
- que a legislação laboral visa a proteção dos trabalhadores, procurando, em sua essência, manter a dignidade nas relações entre empregadores e empregados;
- que hoje podemos aprender qualquer coisas e, portanto, desenvolver qualquer competência;
- que hoje vivemos na era do empreendedorismo, da gestão por projeto, do networking, das redes sociais, dos negócios online, das parcerias, da inovação em todas as áreas funcionais e de negócio.
Saber o que será o futuro do trabalho, para alguns, poderá funcionar como uma espécie de futurologia, para outros, é um exercício habitué de observação, de antecipação, não só de quais serão as necessidades futuras, mas da coragem de construir, com a profissão, a realidade que queremos, mesmo que isso implique quebrar as regras, mesmo que isso implique sentir borboletas no estômago, na peregrinação diária de fazer diferente.
Marta Silva