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Mil Razões...

O quotidiano e a nossa saúde emocional e mental.

O quotidiano e a nossa saúde emocional e mental.

08
Dez13

Sem início… Sem fim… (Liberdade – 8)

Publicado por Mil Razões...

 A Persistência da Memória – Salvador Dali

 

A minha perceção relativamente ao tempo alterou.

Em vez de dias…

Vivo um único dia sem fim!

Em vez de horas…

Vivo sem controlo de tempo cronometrado!

Vivo tanto e tão intensamente que não há lugar a calendários nem a relógios.

É uma liberdade infinita sem início e sem fim.

Tudo dentro de um único tempo no mesmo pensamento.

Uma continuidade sem início e sem fim.

 

Joana Pereira


06
Dez13

Não há liberdade, há libertação* (Liberdade – 7)

Publicado por Mil Razões...

 

Os noivos estavam vestidos a rigor e contrastavam com os tons cinza dos convidados.

Foi João quem decidiu a cor das roupas que iriam usar: vermelho escarlate. Foi João quem escolheu as flores: cravos vermelhos. E foi ainda João quem descobriu o local onde se iria realizar a cerimónia: uma velha ponte abandonada que outrora ligara dois caminhos improváveis. A música e o texto que todos ouviriam no final foi objeto de prolongadas e animadas discussões entre os dois. Todas as escolhas, até ao ínfimo pormenor, continham elementos simbólicos fortes, como se cada opção exigisse a reafirmação inequívoca de que o futuro daquela união, desde há muito traçado, seria trilhado sem hesitações.

Como tinham sido difíceis os caminhos percorridos até àquela ponte! As duas famílias tinham-se oposto ao casamento e tudo fizeram para que ele não se realizasse. Até os amigos mais próximos se comportaram de forma ambígua, e a amizade franca e antiga que os unia foi abalada por desconfortáveis interpretações das palavras, dos gestos e dos olhares que trocaram nos últimos tempos. Havia, por isso, uma tensão latente, quase insuportável, que atravessava todos, porque a todos atingia. Mas quando a cerimónia se aproximou do final e uma criança vestida de branco citou Brecht ao som de Freedom, e os noivos se beijaram, como por encanto mágico, irresistível, todos se abraçaram emocionados e uma corrente de paz e felicidade a todos uniu.

“… criar uma situação que a todos liberte / E o amor da liberdade faça supérfluo.”

João e Manuel não podiam estar mais felizes.

 

José Quelhas Lima

* Nelson Mandela


03
Dez13

Livre-arbítrio (Liberdade – 6)

Publicado por Mil Razões...

 

O conceito de liberdade é relativo e há quem diga que é também mitológico. Concordas?

A relatividade da liberdade mostra a impossibilidade da vivência total da própria liberdade. Mas, por exemplo, um louco pode, à partida, realizar qualquer ação danosa, tanto para outros, como para si, revelando, assim, a evidência da liberdade de ação. Então, talvez a inexequibilidade não esteja na capacidade de manifestação plena da liberdade, quando o indivíduo, por momentos, executa uma ação, mas na incapacidade de se soltar das consequências reais e intransferíveis dos feitos da própria ação.

Na história jurídica há quem já se tenha safado, ou mais apropriadamente, visto sua pena de prisão ser reduzida, por alegar que seu ato transviado, de por termo à vida de outra pessoa, havia sido motivado por sua hipoglicemia, uma vez que estudos indicam que pessoas que tenham baixos níveis de glicose apresentam dificuldade no autocontrolo.

A tão procurada, desejada e proclamada liberdade, na maior parte das vezes, ainda é muito egoísta, porque se prestarmos atenção, quando cogitamos sobre a ideia de liberdade ainda se faz uma associação muito estreita entre o conceito de liberdade e quão livre o Homem se sente. Ainda se pensa muito na liberdade como um direito e uma vontade, e não como um dever maior e uma responsabilidade.

A liberdade é tão mais necessária de ser vivida quando na sua base está uma defesa justa e igualitária de considerar que alguém ou algum grupo merece não sofrer opressão, pelo próprio facto de existir, contrariando as mentalidades, atos e injunções tiranas de uns que não concebem as diferenças individuais, sejam elas ideológicas, de orientação sexual, sociais, étnicas ou de género.

Talvez nos devêssemos preocupar mais com a liberalidade do que propriamente a liberdade, visto que o preceito de A minha liberdade termina quando começa a liberdade do outro, ideia atribuída a Herbert Spencer, filósofo inglês (27 de abril de 1820 a 8 de dezembro de 1903) poderá revelar que a natureza da evolução sociocultural do Homem assenta numa ideologia de serviço ao outro e não na defesa e busca da liberdade individual, ideia que aliás está expressa na própria condição biológica do Homem. Mas isso não deve indicar que o Homem não faça uso do seu livre-arbítrio ou que abdique da sua capacidade de refletir e escolher o que possa, de forma lúcida e discernida, ser o melhor para si, ainda que isso signifique ir contra as ideias e comportamentos do grupo.

 

Marta Silva


01
Dez13

Praça da Liberdade (Liberdade – 5)

Publicado por Mil Razões...

 

“Liberdade, liberdade, quem a tem chama-lhe sua.”

Proferidas estas palavras, quase um aforismo, sem me deter muito nelas, são uma frase feita que, de tantas vezes repetida, é aceite sem mais.

Mas, e se parar para pensar um bocadinho? Hum…, pois é.

 

Temos no Porto uma como que sala de estar dos portuenses, sala de visitas principal para quem nos visita, turistas ou pessoas em negócios, portugueses e estrangeiros, cada vez mais. É a Praça. Ponto.

 

Nela passamos de carro, a pé, de autocarro, até de elétrico. A correr para o comboio. Nela paro e converso, paro e olho para a monumentalidade granítica dos Aliados. Aqui estou à vontade, no meio do grande movimento, com tantas pessoas e veículos, que não se atropelam, sabem que devem parar no semáforo; sabem que têm direito a avançar no semáforo. Todos têm condições para se entender. E entendem-se.

 

Vamos para lá tantos, todos, festejar o S. João, mas também é para lá que vão muitos protestar contra aquilo de que não gostamos ou apelando para que se corrija o que se acha que está mal. Nestas ocasiões não há semáforos. Depois volta a haver.

 

É a Praça. A nossa Praça!

 

Por vezes passam-se tempos sem que precisemos de lá passar, parece que nem nos lembramos dela. Mas se e quando nós não a percorremos, há sempre, todos os dias, milhares de pessoas a utilizá-la, que usufruem da Praça. Ela está disponível, acessível e a servir de placa giratória para tantos destinos. Tem sido estimada, embelezada, modernizada, atualizada. Não é sempre a mesma, mas está lá.

Ai de quem nos tire a Praça da Liberdade, é a nossa Praça. Sem ela, o Porto continuará a ser o Porto, mas diferente, amputado, menos livre.

 

Eu tenho liberdade e devo chamar-lhe minha, é a base, o fundamento da minha maneira de viver. Sem liberdade não sou inteiro. Sem liberdade sou menos íntegro.

 

Adaptando: a liberdade é a minha praça.

 

Jorge Saraiva


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