Tocar, mexer, penetrar (Sexualidade – 11)
Ouvem-se as pancadinhas de Molière, as pesadas cortinas de veludo vermelho sobem, as luzes quentes e brilhantes iluminam o palco de madeira e é então que entra a primeira personagem:
É inegável o seu poder de atração, de sedução, de encantamento... a plateia fascinada fixa cada movimento, cada gesto, sugando cada pormenor suspira deslumbrada. Os seus gestos despertam e impulsionam o desejo em cada um de querer mais… de tocar, de mexer, de penetrar...
- Sensualidade! - diz com uma voz embriagante, viciante.
E com a atenção totalmente recaída sobre si, abandona o palco acompanhada por um suspiro de luxuria coletivo.
Com passos firmes e confiantes, outra personagem entra em cena, e berra em plenos pulmões:
- Sexualidade!
Descreve com traços rasgados as suas preferências, confidencia as suas predisposições, sem pudor revela a sua identidade sexual. Todo o seu corpo emana uma energia poderosa que se reflete em todos os seus poros, traduzindo uma expressão, uma vontade, uma necessidade física não deixando qualquer dúvida, o desejo de contacto é total!
Vazio mas por pouco tempo, no palco aparece uma personagem desnudada, de olhos libidinosos e boca lasciva. De uma forma explicitamente carnal entende-se de imediato que procura copular com a finalidade de atingir a satisfação, o orgasmo.
- Sim! Relações Sexuais!
O Público manifesta a sua total incompreensão, a falta de entendimento da necessidade de recorrer a varias personagens, que representam e significam a mesma coisa. Mas será que significam? Aos olhos dos leigos até poderá ser, a nível científico provavelmente haverá distinções. As semelhanças e proximidade não significam que sejam a mesma coisa.
Quando no final se reúnem, no palco, todas juntas para os agradecimentos finais, aí sim… as diferenças são notórias!!!
Susana Cabral