Quatro estações (Ser – 1)
A vida desenrola-se em espiral, figura significativa de que os assuntos são sempre semelhantes e passamos pelos mesmos estados, mas a consciência deles vai-se alargando e evoluindo, dando, a cada ciclo, uma nova perspectiva dos mesmos.
Existem na natureza vários ciclos biológicos, mas os mais conhecidos são os de 7 anos, findos os quais se renovam todas as células do organismo. Claro que isto é o mais nítido e constatável, precisamente quando se fazem 7 anos, depois 14, depois 21, 28, e por aí fora. A partir dos 35 o ritmo abranda e as mudanças são mais subtis, mas evidentes para quem estiver verdadeiramente atento.
Passo então a descrever, duma forma sintética, as 4 fases da vida:
Infância
A potência do sol de Verão.
A descoberta das coisas vitais e a inocência com que são encaradas.
Os primeiros desgostos e contrariedades, que conduzem às primeiras considerações.
A identificação com os pais e a tentativa de imitar comportamentos.
Adolescência
A promessa florida da Primavera.
A ilusão de tudo poder fazer.
As dores e alegrias do crescimento e a confrontação com os progenitores.
As primeiras dúvidas existenciais.
O esforço de tentar definir um estilo.
Idade Adulta
A beleza tranquila do Outono.
O confronto com a realidade e a concretização de alguns sonhos, assim como o desfazer de outros.
O apuro da personalidade e as suas consequências.
A afirmação do estilo na comunidade.
As preocupações de vida e sobrevivência.
Velhice
O sossego aconchegado do Inverno.
O desatar de algumas grilhetas e uma nova liberdade entreaberta.
O legado para os vindouros e a preparação para as novas limitações.
O balanço que define a alma e a mentalização para a partida.
Cristina Canavarro